Para lá da realidade

Perdida na escuridão da noite, apenas esta chuva me conforta. Penetra em cada poro do meu engenho e isso liberta-o. Gosto dessa sensação. Inebriada pelo rosto das pessoas que me rodeiam, ouço ruídos. Talvez elas estejam a chamar a minha atenção. Ouço-as gritar o meu nome. Mas isso não me importa. Eu continuo absorta nos pensamentos. Caminho por entre as ruas, não reconheço estes prédios caiados de velho mas sinto-me bem aqui. A iluminação é fraca mas ainda consigo definir o caminho por onde passo, apesar de não reconhecer o local onde me encontro. Por entre o enevoado avisto um banco de jardim lá ao fundo. Caminho na sua direcção. Sento-me, ouço a madeira ranger. Mas em vez de sentir um nó na barriga por me encontrar ali sozinha, eu sinto-me bem. E ali fico, sentada naquele velho banco de madeira com a chuva a escorrer-me pelo rosto.